Doze anos atrás, minha esposa Jetty me convenceu a participar de um retiro do Insight Dialogue organizado pela SIM, liderado pelo facilitador de retiros americano Gregory Krame, autor do livro Insight Dialogue, agora traduzido para o holandês e publicado pela editora Asoka. Eu estava relutante; na verdade, preferia passar uma semana em casa. Já havia participado de muitos retiros (desde 1979), alguns dos quais com três meses de duração. Todos esses retiros foram retiros silenciosos, com apenas breves conversas com o professor a cada dois ou três dias. Eu não conseguia acreditar que um retiro curto de sete dias contribuiria muito para minha prática. No retiro com Gregory, familiarizei-me com as seis diretrizes usadas no Insight Dialogue (ID) para a prática interpessoal da atenção plena em pares ou múltiplos: Pausar, relaxar, abrir, confiar e sintonizar, ouvir atentamente e falar a verdade. Com essas diretrizes, fomos convidados a explorar áreas específicas da vida, como o desejo e a impermanência. Esse acabou sendo um dos retiros mais reveladores de que participei em muitos anos. Tomei consciência de todos os tipos de padrões e emoções interiores, que permanecem muito mais ocultos em retiros de silêncio “normais”. Foi confrontador e, ao mesmo tempo, muito enriquecedor. Praticar com as seis diretrizes me ajudou e está me ajudando a integrar muito mais a comunicação como um valioso campo de prática. Gregory é claramente inspirado pelo budismo; o programa de ID, portanto, exala uma atmosfera budista e usa, por exemplo, muitos conceitos que também podem ser encontrados no budismo Theravada. Fiquei muito feliz ao saber, alguns anos depois, que Florence Meleo-Meyer e Phyllis Hicks também haviam criado um programa de treinamento em comunicação mais secular, inspirado no Insight Dialogue e autorizado por Gregory. Esse programa é oficialmente chamado de IMP(Interpersonal Mindfulness Practice) ou Mindfulness Interpessoal em holandês e está sendo gradualmente mais usado na área da saúde e em outros campos. Atualmente, foi realizada uma pesquisa no Centrum Integrale Psychiatrie, em Groningen, que esperamos que seja publicada em breve. Ambos os programas oferecem uma riqueza cada vez maior no mundo caprichoso da comunicação, onde facilmente nos prendemos a hábitos limitantes e padrões internos. Eles trazem uma dimensão inovadora para a prática da meditação e têm algo de esperançoso: a comunicação consciente pode ser aprendida! Talvez o seguinte poema “Listening is enough” (Ouvir é suficiente), de Marinus van den Berg, expresse algo do valor de uma das seis diretrizes: Escuta atenta (ou Escuta com o coração).
Você pode achar que deve dizer algo.
Você pode pensar que precisa me animar.
Talvez você queira me ver sorrindo e me divertindo novamente.
Você pode achar que precisa confortar e aconselhar.
O que eu pergunto é o seguinte: você quer repetidamente
Ouvir minha história, o que sinto e penso.
Você só precisa ficar quieto,
olhando para mim, dando-me tempo.
Você nem precisa entender minha tristeza.
Mas se você só puder aceitar
como você se sente.
Sua presença auditiva
fará com que meu dia seja diferente.
Frits Koster Este blog foi publicado anteriormente em: https://www.vipassana.nu/